segunda-feira, 2 de maio de 2016

Lugares incríveis, longe de tudo e de todos...



Quando era mais novo tinha um hábito comum à maior parte dos jovens da minha idade. Passava longos momentos a observar um globo geográfico que tinha no quarto, daqueles tão comuns de se ter em casa na altura. Observava os relevos, os rios, os nomes de regiões das quais nunca tinha ouvido falar, alimentando a fértil imaginação juvenil acerca de viagens a tais locais tão desconhecidos que tanto me fascinavam.

Ainda hoje mantenho o mesmo fascínio pela pesquisa de territórios desconhecidos. Quando dou por mim, já me aventurei uma vez mais à descoberta de "novos mundos". Desta vez, sem o globo do meu lado, mas com outras ferramentas que me permitem ultrapassar aquela barreira da ilusão. Como consequência, recentemente "descobrí" uma pequena ilha no meio do nada...

Macquarie Island
Cercada pelos longos mares do Oceano Antártico, a ilha Macquarie está longe de ser uma atracção turística. Um clima extremo, nuvens carregadas a maior parte do ano, fortes ventos de Oeste e precipitação média de 900 mm cúbicos/ano, não parecem ser o melhor cartão-de-visita para um destino de férias. De facto, separada 1700 km da Antártica como à mesma distância da Tasmânia, esta ilha regista temperaturas médias entre os 3º e os 7º positivos, podendo nos meses de Janeiro e Fevereiro atingir os 13º, descendo aos -9º em Julho e Agosto. A chuva é mesmo uma constante ao longo de todo o ano, numa ilha em que as noites podem chegar a durar apenas 4 horas.



Pertencente à Austrália, a ilha Macquarie é considerada de Reserva Natural e Património Mundial pela UNESCO desde 1997, pela sua importância no que respeita à sua geoconservada diversidade biológica. Trata-se por exemplo, do único local no planeta onde as rochas do manto terrestre se encontram expostas, quando o normal é estas estarem submersas 6km abaixo do nível do mar! Tem uma área total de 120 quilómetros quadrados, um pouco maior que a área da cidade de Lisboa e é habitada por uma população de 40 pessoas no Verão (basicamente equipas de pesquisa), reduzindo para metade no Inverno.



Como lá chegar
Chegar a esta distante ilha é uma tarefa que não se apresenta facilitada, pois todos os meios de transporte disponíveis (barco ou helicóptero) por naturais motivos de ordem climatérica, não garantem o cumprimento de prazos definitivos de chegadas ou partidas. As partidas são feitas de barco desde a Austrália ou Tasmânia em direcção à Antárctica numa viagem que dura entre 3 a 4 dias, fazendo-se a escala em Macquarie apenas de helicóptero. As bagagens têm de ser despachadas com 15 dias de antecedência. Algumas companhias de transporte marítimo oferecem serviços de expedição em redor da ilha durante os meses mais quentes, entre Novembro e Março, não obstante de este meio não permitir visitar a ilha por atracagem – toda a costa está completamente habitada por Focas, Leões Marinhos e Pinguins. Para os interessados, as reservas podem ser feitas online a partir deste site, mas fica o aviso: o custo ronda os milhares de dólares.



Medidas de segurança
Esta é a parte mais interessante da viagem. Apesar de existirem trilhos demarcados e segurança suficiente para se poder observar de perto toda a biodiversidade da ilha, a localização desta não  oferece o conformo desejado para quem não esteja habituado a fazer um certo número de sacrifícios. Todas as ilhas inerentes à Antártica são governadas por Tratado Internacional, sendo que parte delas não é sequer habitada, assim como algumas não oferecerem sequer possibilidade de se lá chegar por qualquer meio comercial. Mesmos pelos próprios meios serão necessárias autorizações que visem a protecção não do visitante, mas da preservação do local visitado. Basicamente o visitante tem de estar muito bem preparado para o que vai encontrar. Com todos os meios de salvamento disponíveis a dias de distância, quem por lá se aventure estará por sua própria conta e risco.