terça-feira, 3 de maio de 2016

5 Razões pelas quais Casillas foi um erro



Iker Casillas é inquestionavelmente uma das maiores figuras do futebol mundial. Um dos futebolistas com maior palmarés na actualidade, que conta com vários troféus internacionais de elevada importância ao nível tanto de clube como de selecção. E claro, tal extraordinário número de conquistas faz de um jogador, independentemente da sua qualidade, uma estrela. Mas faz dele também um jogador fundamental? Na minha opinião, um guarda-redes como Casillas beneficiou sobejamente da política abastada de investimento em estrelas internacionais que permitiu ao seu clube de sempre, o Real Madrid, ser vencedor com regularidade, mesmo com as irregulares exibições do guardião espanhol. Motivo que, dentro do que se previa um dia, levaria o clube a colocá-lo à disposição assim que surgisse alguém interessado em contar com os seus serviços. Surgiu então o Futebol Clube do Porto...

Razão nº1 - O custo financeiro de um guarda-redes
Fruto de várias razões que podemos debater, o futebol português não detém viabilidade para se investir tanto num jogador, mesmo num ícone como Casillas. Embora sejamos uma sociedade que aprecia e investe aquilo que pode no associativismo ao clube, não são geradas receitas suficientes para cobrir o desequilíbrio que provoca o vencimento de 3,5 milhões de euros/ano líquidos (o Real Madrid paga uma quantia igual, o que perfaz 7 milhões líquidos/ano). Seria fundamental no mínimo uma presença assídua do clube nas meias-finais da Champions League, algo que "apenas" um guarda-redes de luxo não permite alcançar. E se tivermos em conta que o Futebol Clube do Porto neste ano com Casillas não conseguiu sequer o apuramento directo para a prova milionária...

Razão nº2 - A importância de Helton no plantel
Ao longo dos anos assistiu-se a uma desintegração portista, no que respeita à manutenção de jogadores no clube que transportassem consigo a mística azul-e-branca. Hoje, um dos poucos jogadores que detém tal qualificação é indiscutivelmente Helton. Ao ser relegado para segunda-opção após a vinda de Casillas, o FC Porto afastou de dentro de campo uma voz de experiência e liderança, assim como uma das figuras mais acarinhadas pelos adeptos. Algo questionável, principalmente no campo emocional, que pode ter contribuído para alguma desunião dentro do clube como nas próprias bancadas.

Razão nº3 - Casillas é uma figura de Marketing?
Falta em Casillas qualquer coisa, principalmente algo que gere maior empatia sobre a sua figura, nomeadamente quando o clube não ganha. A sua "voz" não se ouve em campo, não se ouve nas conferências de imprensa, onde o próprio clube ao pretender proteger a figura mais destacada internacionalmente que tem no plantel, acaba por não evitar a contestação sobre um activo que não gera vitórias. Tal protegimento inibe a própria exploração da imagem do jogador em merchandising; talvez o próprio Futebol Clube do Porto não tenha mesmo, ao nível comunicacional, ferramentas suficientes para retirar maiores dividendos da presença do espanhol no clube.

Razão nº 4 - As exibições de Casillas
Não obstante do valor do jogador, Casillas não revela espectacularidade nem regularidade no que respeita a exibições. É um guarda-redes experiente sim, que pode falhar como qualquer outro, claro.  Mas quando por vezes falha, falha em grande, quase à dimensão da sua imagem. O próprio semblante do jogador revela de certo modo um misto de apreensão ou preocupação com algo, pronunciando alguma insegurança ou insatisfação. Nem todos os jogadores podem ser craques, mas quando apresentam uma imagem simpática, séria e disponível, conquistam a plateia. Algo que o seu suplente directo até conseguiu facilmente. Quem não se lembra dos aplausos no Estádio de Alvalade por parte dos adeptos leoninos...

Razão nº5 - O momento errado
É impossível, mesmo num campeonato como o português, um só clube manter a hegemonia eterna. O facto é que o FC Porto conseguiu o que mais nenhum clube nacional alcançou em quase quarenta anos, desde as constantes vitórias no campeonato aos títulos internacionais. Porém, após tremenda exposição, seria sempre difícil manter os principais jogadores no plantel face ao interesse e poder económico dos grandes clubes europeus. A saída de jogadores fundamentais não compensada com exibições regulares por parte dos que foram contratados, assim como a aposta em treinadores que nunca compreenderam a necessidade do clube em não perder a identificação com o jogador nacional, foram factores que colocaram o FC Porto distante das vitórias. Talvez a pior altura para se ter contratado Casillas.