quinta-feira, 26 de maio de 2016

A cidade proibida de China

Fotografia aérea, na década de 90

Possivelmente, este terá sido o bloco de prédios mais anárquico e povoado do mundo. Terá, no passado, porque já não existe. Conhecida como Cidade Muralha de Kowloon, este gigantesco quarteirão de edifícios interligados, chegou a albergar mais de 50 mil pessoas, na cidade de Kowlon em Hong Kong.



Tudo começou em 1860, quando a Dinastia Qing, a última dinastia imperial na China (precedida da dinastia Ming e sucedida pela República chinesa), cedeu o território sul da Boundary Street (Kowloon) ao império Britânico. Originalmente, esta edificação não era mais do que um forte militar. Durante a ocupação Japonesa que ocorreu em meados da Segunda Guerra Mundial, a sua população aumentou drasticamente, chegando a 1987 com uma população de 33 mil habitantes, ano em que o governo de Hong Kong aprovou a sua demolição..



Podia mesmo considerar-se a "Cidade do Crime", enquanto existiu. Durante 20 anos, entre 1950 e 1970, foi controlada pelas Tríades, assumindo-se como abrigo a prostituição, jogo ilegal e tráfico de droga. O total desordenamento da construção, a falta de condições sanitárias ou mínima qualidade de vida, não inibiu que a população por lá se mantivesse, surgindo surpreendentemente cada vez mais comércio nas imediações.



Uma cidade completamente claustrofóbica, construída sem plano algum de arquitectura, foi na realidade uma "vítima" da crise de diplomacia entre os ingleses e chineses que ocupavam parcialmente o território, deixando-a à sua própria sorte. Apesar de ser apenas nos telhados o único ponto onde se conseguia respirar ar puro, as pessoas que por lá viviam, diziam-se felizes.

O parque que hoje existe, sob a fundação da antiga cidade


Estimam-se terem sido gastos cerca de 2.7 biliões de dólares na evacuação da população residente, antes do seu processo de demolição que teve lugar em 1993 e que terminou um ano mais tarde. Em 1995, foi inaugurado no mesmo local, o Kowloon Walled City Park.