quarta-feira, 27 de abril de 2016

Filmes de uma vida - Wild Orchid



"We all have to lose ourselves sometimes to find ourselves, don't you think?"

Para aqueles que se preocupam em vislumbrar um filme apenas quando a crítica ou opiniões alheias são favoráveis, então a obra "Orquídea Selvagem" não constará na agenda destes. Principalmente se nascidos após a década de 90, indiferentes a importância da Sétima Arte nas décadas de 70 e 80.
E foram de facto essas férteis décadas que em termos cinéfilos marcaram várias gerações de jovens e adultos, assistindo-se a um brotar de filmes que abordavam de modo mais profundo temas controversos, em que no caso das narrativas amorosas envolviam um patamar muito mais carnal e proibitivo que nos clássicos romances de décadas anteriores.

Orquídea Selvagem (1990) não foi de facto a primeira aproximação a relações "proibidas" no cinema. O Carteiro Toca Sempre Duas Vezes em 1981 (adaptação do original de 1946 ), 9 Semanas e Meia (1986) e Atracção Fatal (1987) criaram sem dúvida a base que permitiria o aparecimento desta obra mais tarde, destacando-se das demais por dois inquestionáveis factores: uma bela e desconhecida actriz a representar o alvo de luxúria do irreverente Mickey Rourke, assim como o cenário de fundo passado no paradisíaco Brasil, nomeadamente em Salvador da Bahia e Rio de Janeiro. Um perfil diferente dos cenários urbanos norte-americanos dos anteriores filmes referidos.

Se considerarmos o quotidiano entediante da maioria das pessoas é desprovido de emoção, sonhos e fantasias, existirá sempre uma enorme dificuldade em aceitar que vida tenha situações tanto de improváveis como apaixonantes!

O filme conta a história de Emily Reed (Carré Otis), uma jovem e inocente advogada estagiária oriunda do Kansas, cujo sonho em viajar pelo mundo a leva a acessorar um negócio imobiliário no Brasil, acompanhada pela sua superior, Claudia Dennis (Jacqueline Bisset). Já no Brasil, o negócio que envolve milhões sofre um revés, obrigando Claudia a viajar de imediato para a Argentina, deixando para trás a ingénua estagiária. Hospedada num hotel de 5 estrelas, Emily acaba por conhecer um ex-amante milionário de Claudia, James Wheeler (Mickey Rourke), desenrolando-se a partir daí toda a intriga do filme, conduzida por um impulsivo e traumatizante controlo emocional imposto pelas dificuldades em lidar com sentimentos demonstradas pelo magnata.

Qualquer intelectualóide que se disponha a avaliar este filme poderá considerar a história absurda, impossível de associar à realidade. De facto, se considerarmos o quotidiano entediante da maioria das pessoas é desprovido de emoção, sonhos e fantasias, existirá sempre uma enorme dificuldade em aceitar que vida tenha situações tanto de improváveis como apaixonantes. Que não minha opinião, são magistralmente evidenciadas nesta obra.

Uma nota final interessante; fruto do relação das personagens assim como do envolvimento de todos os magníficos cenários do filme, Carré Otis e Mickey Rourke iniciaram uma relação que durou seis anos, tendo ambos contracenado no filme Exit In Red em 1996.