quarta-feira, 11 de maio de 2016
Renato Sanches - O maior erro do Benfica?
Tornou-se ontem pública a notícia que dá conta da contratação do jovem jogador Renato Sanches ao Benfica pelo clube alemão Bayern Munique. De acordo com a informação enviada à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), o negócio cifra-se nos 35 milhões de euros, podendo mesmo chegar aos 80 milhões através de objectivos contemplados no contrato assinado pelo futebolista até 2021. Trata-se de um valor elevado, que naturalmente para o desporto português seria difícil de rejeitar.
Mas será que independentemente da verba em questão, se trata de um bom negócio para o Benfica?
Idade vs Potencial - Bom Negócio
Renato Sanches tem 18 anos. E um jogador com 18 anos afirmar-se em qualquer clube grande não é frequente. Nesse campo, o Benfica soube tirar os máximos dividendos, conseguindo obter bons resultados nos 24 jogos em que o atleta esteve presente, sendo muitas vezes considerado como o melhor jogador da equipa em campo. Um estilo irreverente de jogar, uma cara de menino e uma interessante estética em termos de marketing, o prematuro Renato elevou-se com apreciável rapidez ao coração dos adeptos do Benfica. Porém, um jogador com 18 anos é uma incógnita. Com a mesma intensidade com que se elevam pormenores de qualidade evidenciados por sí, se considera compreensível erros cometidos em campo ou outras fragilidades apresentadas. Facto é que ninguém pode assegurar que se Renato será um dos melhores jogadores do mundo nos próximos 5 anos. Assim como também ninguém pode afirmar que Renato faria no próximo ano uma época melhor do que esta, ou não teria o infortúnio de se lesionar com gravidade. Como tal, compreende-se que perante uma proposta de 35 milhões de euros, se tenha considerado esta como irrecusável.
Jovens jogadores do Benfica - Bom Negócio
Tem sido raro ao longo da história do Sport Lisboa e Benfica eleger-se equipas fundamentalmente concebidas a partir de jogadores oriundos da formação. Ao contrário do rival Sporting, o Benfica aposta no mercado global como maior força motriz dos seus plantéis. Não obstante, um maior investimento em profissionais de formação como também em melhores infra-estruturas, foram uma necessidade de certo modo imposta pelas dificuldades financeiras do clube. O que originou o brotar de novas esperanças em jogadores formados, condição destacada pelos inúmeros títulos alcançados recentemente nas mais primaveris formações. Apesar destes raramente se imporem mais do que um ano no plantel principal do clube, têm sido alvo de negócios benéficos respeitantes a termos financeiros, com transferências nunca inferiores a 15 milhões de euros.
Expectativa dos adeptos - Mau Negócio
Neste campo, talvez se aponte a desilusão imediata por parte dos aficionados do clube. Renato foi sem dúvida dos jogadores que mais se destacaram no clube (a par de Mitroglou e Jonas), o que levou os adeptos a elevarem o nível de interesse pelo acompanhamento das suas exibições, assim como em consonância se criou uma maior empatia pelo acompanhar da equipa pelos estádios em Portugal. Um jogador acarinhado move as paixões em seu redor, tornando-se nuclear à mobilização dos adeptos. Aumenta-se as verbas em redor do merchandising no imediato, e mais importante, acredita-se que existe um projecto de continuidade e futuro no clube com jogadores consagrados à paixão que sentem por este. A saída do jogador que ocupe tal posição no coração dos adeptos, pode marcar de um modo negativo o interesse dos aficionados.
Substituto à altura - Mau Negócio
Finalizada a venda do jogador, terá início a provável procura de um substituto à altura. E aquí, a percentagem de dúvida é superior à expectativa numa ainda melhor época de Renato Sanches no futuro. Ou seja, vende-se um jogador que de algum modo está rotinado com a equipa e apresenta exibições bastante satisfatórias, correndo o risco de não se encontrar no mercado alguém que reponha a mesma qualidade. É um facto, não existem muitos jogadores como Renato, assim como também não é reconhecida ainda a capacidade de Rui Vitória replicar em jogadores com potencial um rendimento muito superior ao esperado, como Jorge Jesus fazia no passado.
A importância do jogador português - Mau Negócio
Urge os clubes em Portugal compreenderem a necessidade de terem nos seus plantéis cada vez mais jogadores nacionais. Embora o atleta mais acarinhado pelos adeptos seja aquele que maior rendimento e empatia gera, o papel do atleta português é fundamental no transporte da mística do clube, pois sente este de outro modo, tendo naturalmente acompanhado ao longo da sua juventude a história do emblema que representa. Mais uma vez, o Benfica não consegue manter uma jóia lusitana. Perante o exercício de contemplar o irreal, Bernardo Silva, André Gomes, João Cancelo e Renato Sanches titulares no clube, seria um orgulho tremendo para os adeptos.
Acreditar no futuro - Mau Negócio
Os jogadores referência no Benfica estão em termos etários mais próximos do final do que no início das suas carreiras. A grande probabilidade de Luisão ou Jonas não fazerem parte do plantel na próxima temporada é elevada. Gaítan poder-se-á seguir. Os que ficam, naturalmente que não emprestam ao colectivo a experiência destes. Subjectivo será dizer se oferecem sequer a mesma qualidade (embora Lindelof seja mais do que uma promessa neste momento). Pizzi é um jogador irregular, que divide os adeptos. Salvio por infortúnio poderá não voltar a ser o jogador que era. Jardel foi o elo mais fraco durante muitos anos. Jiménez e Talisca têm dificuldade em afirmar-se como titulares. Fejsa tem constantes lesões. No sentido inverso, o referido Lindelof, o jovens Ederson, Nelson Semedo, Jovic e Gonçalo Guedes, contando com regulares e indiscutíveis Samaris e André Almeida, juntando Lisandro Lopez e Mitroglou, serão aqueles a que cabe a continuidade. Mas serão estes uma referência na equipa ou mesmo para os adeptos?