sexta-feira, 13 de maio de 2016

O Homem Feio também tem sentimentos

"Sozinho pela rua no meio desta gente,
Deambulando pelos beijos de casais felizes.
Algo que não tenho por pecado uma cara indecente,
Ou simplesmente porque serão elas umas meretrizes...?"
O Maquiavel

O Homem Feio também tem sentimentos. Na legítima frieza de raras vezes se sentir o eleito, questiona a Divindade pela ausência de pecado no fabrico. Nasceu bonito, porque todos os recém-nascidos o são, mas depressa confrontou o mundo com indecorosa presença. Remetido a tal distância que não perturbe o percurso natural da Mãe Natureza, navega no ostracismo de uma vida preenchida pelo olhar alheio de reprovação. Os espelhos não o observam pela frente nem por trás. Tais providenciadores de reflexo providenciarão memórias que não se pretendem confrontar jamais.

Ciente da sua sina, o Homem Feio procura a culpa em seara alheia. Responsáveis pela indiferença que lhe mimoseam, serão as Sereias intendentes da sua amargura, indignas de virtude e autenticidade nas escolhas que cometem? Ou serão os benévolos da formosura masculina que desequilibram iguais oportunidades para todos? O Homem Feio sabe que na ausência de sublimidade, encontrará atributos noutras superfícies; tais superfícies que nunca o tornarão gracioso, mas onde a graciosidade também não o julgará.

O Homem Feio colocará a sobre a sua mão as flores de um jardim, sabendo a importância que estas terão no transportar de embevecimento ao sexo oposto. Aprenderá a cozinhar, porque sobre a mesa se confidenciam os maiores segredos, se conquistam as melhores sensações. Será organizado e metódico sobre a sua palavra, navegando em mares de honestidade e crença; ao saber que é o eleito, nunca se desviará do seu caminho, pois sabe que não existe mais algum disponível para a sua felicidade. Ele será sempre o melhor amigo.