terça-feira, 3 de maio de 2016
Blogs de Beauty, Fashion e Lifestyle.
Uma epidemia que os homens não compreendem?
Ultimamente ando surpreendido com a quantidade de blogs que existem dedicados aos hiperbólicos temas que, aparentemente, mais motivam o público feminino a criar este tipo de publicações.
Aquilo que para mim aparentemente não passava de um conjunto de fantasias descartáveis, com jovens mulheres ou não-tão-jovens-mulheres-a-quererem-ser-jovens dedicadas a serem fotografadas ora nas ruas de Lisboa com sacos de compras na mão ora dentro de lojas a experimentar roupa, afinal já representa no universo online um considerável marco de propagação.
A preponderância do mundo estético está inclusivamente ligada aos locais onde vamos jantar, onde vamos passar os nossos fins-de-semana e até à urgência com que colocamos nas redes sociais fotografias que comprovem que lá estivemos, ratificando o quanto estamos "In".
Úteis ou frívolos, lucrativos ou altruístas, os blogs de lifestyle são inegavelmente fundamentados num mundo estético, provavelmente distante da vida real da maioria dos seus seguidores, embora aparentemente próximo de quem os perpetua com postagens diárias acerca das escolhas com que se apresentam ao mundo no seu dia-á-dia. Por um lado, é demais evidente que por trás destes blogs existem mulheres ligadas ao mundo editorial da moda, com inteligível acesso a conteúdos originais que tanto despertam a curiosidade alheia. Mesmo a nível "amador" se apresenta também matéria de inegável compatibilidade a um maior domínio desta temática.
Questionável poderá ser a quanto de vida real obedece esta natureza estética, em que invariavelmente as questões ligadas à determinância da "beleza" se tornam mais influentes que o carácter humano de quem, sob sua influência vive. Sem hipocrisias, todos estamos sujeitos ao que está na moda, ao que os outros têm, ao modo como nos procuramos apresentar perante a sociedade. A preponderância do mundo estético está inclusivamente ligada aos locais onde vamos jantar, onde vamos passar os nossos fins-de-semana e até à urgência com que colocamos nas redes sociais fotografias que comprovem que lá estivemos, ratificando o quanto estamos "In".
Deve ser penoso acatar vicissitudes diárias que surgem a todos nós, quando nos temos de preocupar em não sujar a camisa quando mudamos um pneu do carro ou pegamos numa criança, como pouco prático estar o dia inteiro de saltos altos quando se tem de descer e subir escadas ou fazer caminhadas a vários locais num dia de trabalho.
Perante a própria estética em que a sociedade se vincula, torna-se quase obrigatório nos integrarmos nesta predisposição à aparência. Proclamamos assim a face glamourosa do mundo em que vivemos (ou que imaginamos que vivemos) não havendo lugar à cara inchada quando se acorda, ao vestir-qualquer-coisa ao Domingo, ou até mesmo uma maior descoberta interior evitando a ligação aos bens estéticos e materiais. Deve ser penoso acatar vicissitudes diárias que surgem a todos nós, quando nos temos de preocupar em não sujar a camisa quando mudamos um pneu do carro ou pegamos numa criança, como pouco prático estar o dia inteiro de saltos altos quando se tem de descer e subir escadas ou fazer caminhadas a vários locais num dia de trabalho.
Das duas, uma. Ou há sempre alguém disposto a fazer tudo por nós, ou passamos o dia em casa sem fazer nada, vivendo de rendimentos alheios que nos permitam andar pela cidade a fazer compras e a tirar fotografias. Nessa conjuntura, aquilo que é a vida real não passa de um mau pesadelo que nem se deve invocar para não trazer más energias.