segunda-feira, 25 de abril de 2016

Portugueses, Snob's e Burgueses - parte I



Portugal. Território ocupado por Celtas, Romanos, Germânicos e Mouros. Após as reconquistas cristãs, formado como condado ora pelo Reino de Galiza, ora pelo Reino de Leão. Segundo a história,  Portugal estabeleceu a sua independência em 1143, como Reino de Portugal, tornando-se a partir do delineamento de fronteiras estabelecido no Tratado de Alcanizes no primeiro Estado-Nação da Europa. "Estado-Nação", um termo proveniente do conceito iluminista "Estado da Razão", estabelecido a partir do interesse de reformar as sociedades utilizando a razão e o conhecimento como pilares do seu desenvolvimento moderno e progressista.

Foi na ascensão europeia dos "Estados-Nações", que os portugueses se tornaram uma vez mais pioneiros, levando o nosso povo a embarcar rumo ao desconhecido, na designada Era dos Descobrimentos. Em síntese, Portugal expandiu-se sobre o mapa em quatro dos cinco continentes, tornando-se a mais importante potência política, económica e militar em todo o mundo, cenário possível pela impulsão de novos conceitos de capitalismo senhorial promovidos pelo Renascimento. Ao contrário do sangrento e escravizante Reino de Castela, o propósito inicial da expansão portuguesa manifestava-se pelo desenvolvimento de trocas comerciais entre o Oriente e a Europa (só mais tarde, no Brasil, se utiliza a escravatura como mão-de-obra).

Toda esta descrição define-se como o lado mais romântico da nossa história, aquele que mais vezes se expõe quando se trata de defender a tese "daquilo que já fomos, ao contrário do que somos agora". Por omissão casual, ou simplesmente desconhecimento, não são referidas as fugas para o Brasil da corte, aquando das várias invasões a que o nosso reinado se sujeitou, posteriormente.
Então afinal, o que é hoje o Português?

O Português não é hoje, o legado de tal período descrito. Alguns consideram que tal é óbvio; séculos se passaram sobre tal independência de descoberta, a monarquia foi afastada definitivamente, hoje existe uma comunidade de estados globais, e por consequência, Portugal na actualidade precisa mais do exterior para se desenvolver do que para se expandir. O problema é que Portugal, pura e simplesmente, não se desenvolve. Portugal, depois de depurar todo o seu desenvolvimento industrial pela dificuldade em acompanhar as mudanças económicas globais em curso após as grandes guerras mundiais, deu-se ao luxo de se manter encolhido no seu canto, servindo-se do que tinha, até mais não ter.

Uma conversa para continuar em breve.